Cerca de 42% dos consumidores que utilizaram o cartão de crédito no mês de março não sabem apontar com certeza quanto gastaram nas compras do mês
Nesta terça-feira (9) o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a
Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) divulgaram um levantamento
onde foi constatado que apenas 15% dos consumidores brasileiros estão com as
contas no azul, ou seja, com sobra de recursos para consumir ou fazer
investimentos.
O balanço também apurou que a maioria
dos consumidores está com os recursos equilibrados, onde 43% dos
entrevistados pelo SPC Brasil estão
sem sobra e sem falta de dinheiro, enquanto que 34% estão no vermelho,
impedidos de pagar as contas com a renda atual.
De acordo com o educador financeiro do
portal “Meu Bolso Feliz”, José Vignoli, embora os dados reflitam a crise
econômica vivida, não se pode deixar de considerar que a falta de planejamento
financeiro leva ao acúmulo de dívidas e a todas as consequências que decorrem
do aperto, como o stress e até o desentendimento familiar.
Onde foi gasto?
A falta de planejamento também pode ser
notada em outro dado apurado pelas instituições que indicou que 42% dos
consumidores que utilizaram o cartão de crédito no mês de março não sabem
apontar com certeza quanto gastaram nas compras do mês, que teve uma média de
cobrança de R$ 1.140.
A maior parte dos gastos foram com os
alimentos, que compuseram 62% dos itens comparados pelo cartão de crédito. Logo
em seguida vêm remédios, roupas, combustível e bares/restaurantes com
respectivamente, 49%, 32%, 28% e 26%.
A economista-chefe do SPC Brasil,
Marcela Kawauti, recomenda que antes de efetuar qualquer compra, é importante
avaliar se é de fato importante ou não. “Caso a compra seja inadiável, o
consumidor deve buscar informação sobre as taxas de juros e verificar se as
parcelas estão de acordo com a realidade do seu orçamento. O cartão de crédito,
ao contrário do que muitos pensam, não é um vilão para o consumidor. Tudo
depende de como ele é utilizado. Se ele não pagar a fatura integral e acabar
optando pelo rotativo ou parcelamento, vai arcar uma taxa de juros que varia de
150% a quase 500%, em média”, conclui.
Consumo de crédito
Embora no mês de março tenha sido
constatado que houve aumento na propensão ao consumo de crédito em relação a
fevereiro – a pontuação passou de 24,6 para 27,1 pontos. A distância dos 100
pontos só ressalta que os consumidores estão evitando os instrumentos de
crédito.
Uma taxa que ilustra o distanciamento é
que 58% dos consumidores brasileiros não utilizaram nenhuma modalidade de
crédito – empréstimo, linhas de financiamento, crediários e cartões de crédito
– no mês de março. Sendo que 44% dos entrevistados também citaram que
atualmente está difícil obter empréstimos ou financiamento no mercado.
O levantamento ainda mostra que 20% dos
brasileiros tiveram o crédito negado, dos quais 9% estavam com o CPF negativado
e 4% não possuíam saldo o suficiente para ter a transação aprovada.
“Com a inadimplência em patamar
elevado, desemprego crescente e recessão, tanto bancos como financeiras têm
restringido o crédito no mercado, o que dificulta a contratação por parte do
consumidor. Além disso, as taxas de juros, ainda muito elevadas, acabam
inibindo o apetite do consumidor na busca de recursos financeiros para
consumir”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, sobre
essa percepção do consumidor.
Redução de gastos
Outro apontamento realizado pelo SPC
Brasil e a CNDL é que 62% dos consumidores têm intenção de reduzir os gastos
neste mês de maio. Vale ressaltar que 24% desses entrevistados estão sempre
tentando economizar, enquanto 20% fazem porque sentem os produtos mais caros
nas prateleiras.
- - -
FONTE: Economia IG
Nenhum comentário:
Postar um comentário