quarta-feira, 9 de maio de 2012

Cliente tem prejuízo se comprar com cartão de crédito

Publicado em 9/5/2012, às 21h04

Volta Redonda
Apesar das iniciativas do governo, através de bancos estatais, para reduzir as taxas de juros, o crédito no Brasil ainda é extremamente caro, principalmente para a pessoa física. Quem compra no cartão, tendo na poupança dinheiro para pagar a compra à vista, toma prejuízo se não quitar todo o valor da fatura no vencimento. A perda pode chegar a 44% em uma compra de R$ 1 mil, com o pagamento de 15% da fatura - o mínimo é 10%. Tudo depende de qual a percentagem da fatura que o consumidor pagar por mês. Se o consumidor pagar 50% da fatura a cada mês, a perda chega a 7,4%.

Simulação
Uma pessoa que faz uma compra de R$ 1.000 com o cartão de crédito, se pagar 15% do valor da fatura, com a cobrança de juros de 6,25% sobre o restante, deixando para zerar o débito quando ele ficar abaixo de R$ 50, vai demorar 33 meses para quitar a dívida. A taxa é a usada na simulação é média cobrada por cartões de crédito no Brasil, de acordo com a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). 
Nesse dia, o consumidor terá pago nada mais nada menos do que R$ 1.630,77 em faturas, isso se não tiver feito mais nenhuma despesa no cartão. 
Descontados os R$ 1.000 (na verdade, quando o consumidor faz uma conta de R$ 1.000, a operadora paga menos do que isso ao vendedor, porque incidem taxas que podem chegar a 5% - o que reduziria o desembolso para R$ 950) a empresa teve um ganho de R$ 630,77 - 63,077% - em dois anos e nove meses.

Poupança
Já uma pessoa que aplica R$ 1.000 na poupança e deixa o dinheiro por lá durante 33 meses, vai ter depositados, considerado o rendimento de hoje (10 de maio), R$ 1.189,17. O rendimento - incluindo o que seria a reposição da inflação, é de R$ 189,17, ou 18,917% - em dois anos e nove meses. A taxa é a válida para cadernetas com aniversário hoje - 0,5264%.
Em resumo: se a pessoa tem R$ 1 mil na poupança e, em vez de sacar o dinheiro e pagar á vista, usa o cartão de crédito para pagar uma compra nesse valor, está tomando um prejuízo de R$ 441,60 em 33 meses - isso se pagar 15% da fatura a cada mês.

Segunda simulação
Se a pessoa resolver pagar a metade do valor da fatura a cada mês, com a mesma taxa de juros, vai pagar a dívida em seis meses, assumindo que vai quitar o débito quando ele ficar abaixo de R$ 50. Terá pago praticamente R$ 1.106 nesse período - ganho de 10,6% para a operadora do cartão. Na poupança, os R$ 1.000 se tornaram R$ 1.032 nesse período - rendimento de 3,2%. A perda em valores absolutos é de R$ 74 - 7,4%.
A única forma de ter algum ganho com o uso do cartão de crédito é quitando a fatura logo que ela é apresentada. As operadoras não cobram juros, nesse caso. Então, se o cliente depositar R$ 1 mil na poupança, comprar R$ 1 mil com o cartão - na data certa, para pagar a dívida 30 dias depois - e quitar toda a fatura, terá tido um ganho de cerca de R$ 5,26, correspondentes ao que a poupança rendeu nesse período.

Protesto
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) fez ontem uma manifestação na Avenida Faria Lima, zona oeste de São Paulo, em frente à sede de uma operadora de crédito internacional para protestar contra a cobrança de juros dos cartões de crédito. De acordo com o sindicato, há casos em que o juros chega a comprometer 50% do orçamento familiar. O ato reuniu cerca de 300 trabalhadores, conforme estimativa da Polícia Militar. Pelos cálculos dos organizadores, 500 pessoas participaram do protesto.
"A UGT definiu este ano que o inimigo número um dos trabalhadores é o cartão de crédito, com juros abusivos de até 600% ao ano. Esse problema está chegando aos departamentos jurídicos dos sindicatos, porque os trabalhadores não sabem mais como lidar com isso", disse o presidente do sindicato, Ricardo Patah.
De acordo com Patah, a manifestação tem como objetivo pressionar as operadoras de crédito a baixarem seus juros. "Protestamos para que elas tenham mais consciência e não sejam agiotas extremados." O presidente disse, ainda, que a UGT irá distribuir 1 milhão de cadernetas para que os trabalhadores planejem melhor seus gastos.



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